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Monthly Archives: Junho 2013

Baseado na pergunta central do meu projecto: “Como construir uma plataforma digital que permita uma colaboração aberta?“, na primeira fase (primeiro teste) propus-me a experimentar diferentes metodologias de colaboração. Para tal, usaria plataformas digitais abertas e aplicaria adaptações de várias metodologias: IDEO, Gamestorming, etc.

Rapidamente se tornaram claros vários aspectos que tornavam esta minha abordagem pouco produtiva: se por um lado, o desafio que lancei poderia não ser suficientemente claro e concreto para contar com a participação da minha comunidade, por outro lado o grau de exigência que a mesma participação colocava sobre os elementos da comunidade era bastante elevado e o retorno que cada membro da comunidade poderia retirar da sua participação era, praticamente, nulo.

Assim sendo, passei para uma segunda fase (segundo teste) onde testava novas variáveis: se a exigência da participação fosse muito menor, a plataforma escolhida para esta segunda fase fosse muito mais simples, se fosse bastante claro o que estava a ser pedido à cada membro da comunidade e se existisse algum grau de motivação à participação; se tudo isto fosse verdade e conseguido, se a participação seria mais elevada.

De facto, neste segundo teste – que era um simples questionário sobre colaboração em plataformas digitais –, a participação da comunidade foi avassaldoramente maior: 86,5% de participação activa.

Paralelamente, este segundo teste avançava também aspectos da importância que a motivação pessoal de cada membro de uma comunidade tem para um bom resultado a um pedido de colaboração. Normalmente, a motivação para colaborar é encontrada quando existe um objectivo comum entre os membros de uma comunidade – entre aquele que pede e aquele que dá. Sem esse objectivo comum, tentei testar de uma forma humorada a motivação ‘hiperbólica’: usando uma série de imagens criadas para o efeito, entre cada pergunta do questionário levantavam-se pontos de vista que ‘punham a descoberto’ que, na maioria das vezes, ajudar custa muito pouco (neste caso o preço de ajudar mais não era do que o tempo para acabar de responder ao questionário).

A última pergunta do questionário era para avaliar a utilização dessas imagens como forma de ajuda a cada um para terminar de responder ao questionário e a grande maioria (88%) avaliou de forma positiva essa ajuda, com 66% a avaliar como muito úteis as imagens. Claro está que o humor usado nas imagens, bem como uma comunidade pequena e minha conhecida, ajudam a esta avaliação, sendo notória a resposta com humor ao humor adjacente à pergunta.

Num tom mais sério e mais útil, perguntei se a comunidade achava que uma campanha de uma causa, lançada online, potencia uma maior participação activa. A larga maioria das respostas foi um SIM (83%). No que toca à importância de certas condições para uma maior participação em causas, a maioria avaliou como mais importante o interesse na causa (83%), seguido da motivação (72%), depois o tempo disponível de cada um (45%) e só depois o sentido cívico (39%). A maioria dos membros da comunidade estão ligados a menos de 10 páginas de causas no Facebook (89%) e assinaram entre 5 a 10 petições online (50%). A maioria (61%) considera que nunca defendeu uma causa através de ações concretas online  – o que não deixa de ser curioso quando comparado com a resposta à primeira pergunta.

Ainda mais curiosa é a questão de que a maioria (50%) das pessoas levantam como justificação da sua não participação em mais causas online a ‘falta de consequência que advém da minha participação‘. Ou seja, embora a maioria dos inquiridos ache que as plataformas digitais apresentam uma mais valia no lançamento e engajamento de causas, a maioria (embora em menor número) diz que não participa mais porque acha que não vale a pena participar. Em comparação com outras respostas poderemos entender que mesmo que alguém tenha interesse e motivação em relação a uma causa, quando considera o custo/beneficio da sua participação (na maioria dos casos o fator TEMPO), leva em linha de conta que a sua participação não tem consequência e, como tal, acaba por não participar. Esta tese está em linha com a resposta anterior, na qual, o sentido cívico era o menor dos fatores que a comunidade achava importante para existir uma participação activa em relação a uma causa.

De qualquer modo, quando confrontados com o pedido de avaliação sobre o potencial das plataformas digitais para permitirem a colaboração entre indivíduos, a larga maioria (78%) volta a achar que o potencial é bastante elevado.

Finalmente, quando interrogados – de forma aberta – sobre a melhor forma para conseguir que alguém colabore com tempo e ações concretas numa causa, em plataformas digitais, a maioria das respostas frisam sobre alguns aspectos repetidamente:

  • A necessidade de facilidade de percepção em relação ao custo/benifício de cada participação;
  • A clareza da mensagem da causa e do que é pedido a cada potencial colaborador;
  • A existência de um sistema de feedback e de reforço positivo da sua colaboração (diálogo entre aquele que pede e aquele que dá);
  • A confiança em quem lança a causa;

Após uma avaliação das respostas que obtive com esta minha segunda fase do projecto (embora consciente que o universo é pequeno demais para ser usado como demonstrativo de tendências), reforcei a minha investigação na razão pela qual os seres humanos colaboram uns com os outros, naturalmente e quais as razões porque esta colaboração pode não acontecer. Chego assim à terceira fase do meu projecto: a criação da especificação de uma plataforma digital que leva em conta, nas suas regras de funcionamento, não só as conclusões retiradas nas anteriores fases do meu projecto, mas também a investigação feita para a terceira fase.

Uma plataforma digital que permita colaboração aberta, mas também que a motive, em relação a causas sociais, passa por levar em linha de conta todas as conclusões que anteriormente retirei (como por exemplo, a criação de uma explicação simples e direta como apresentação de uma causa) e também resultados práticos da minha recente investigação (como por exemplo, para existir colaboração dentro de uma comunidade são necessários mecanismos que impeçam que alguns membros abusem da boa vontade da comunidade).

Nos próximos dias, irei publicar uma série de wireframes e de regras de funcionamento desta proposta de plataforma. Após essa publicação, irei desafiar dois ou três grupos entre os colegas de mestrado para que testem a minha plataforma. Para tal, cada grupo irá preencher (analógicamente), seguindo os requisitos da plataforma, os dados necessários para o lançamento público e aberto das suas causas. Numa aula posterior, toda a turma usará a plataforma (usando um protótipo analógico para tal), avaliando a sua utilização para a colaboração em relação às causas lançadas pelos colegas.

História e Crítica do Design I

Unidade Curricular da licenciatura de Design de Comunicação da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa

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Unidade Curricular da licenciatura de Design de Comunicação da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa

[fbaul] dcmp + dc1 2013-2014

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